martes, 5 de mayo de 2020

VOX VITAE (voz de la vida) - DIA MUNDIAL DA LÍNGUA PORTUGUESA


La Lusofonía celebra el día de la Lengua Portuguesa · Global ...
Dia internacional da Língua Portuguesa é comemorado anualmente em 5 de maio entre os países lusófonos.
Esta data celebra a importância cultural e histórica da língua portuguesa para toda a Comunidade de Países de Língua Portuguesa.
Nossa homenagem ao dia internacional da língua portuguesa desde a escola é através de um livro chamado Flicts escrito por Ziraldo Alves Pinto um dos maiores escritores da literatura infantil brasileira.

O professor Fabio nos conta essa história! ⤳ CLICK


FLICTS
Ziraldo Alves Pinto
Era uma vez uma cor muito rara e muito triste que se chamava Flicts.
Não tinha a força do Vermelho, não tinha a imensa luz do Amarelo, nem a paz que o Azul tem.
Era apenas o frágil e feio e aflito Flicts.
Tudo no mundo tem uma cor, tudo no mundo é Azul, Cor de rosa ou Furta cor, é Vermelho ou Amarelo, Roxo, Violeta ou Lilás. Mas não existe nada no mundo que seja Flicts.
-Nem a sua solidão-
Flicts nunca teve par. Nunca teve seu lugar num espaço bicolor (e tricolor muito menos – pois três sempre foi demais).
Não.
Não existe no mundo nada que seja Flicts.
Na escola, a caixa de lápis de cor, cheia de lápis de colorir paisagem, casinha e cerca e telhado, árvore, flor e caminho, laço, ciranda e fita.
Não tem lugar para Flicts.
Quando volta a primavera e o parque todo e o jardim todo se cobrem de flores de todas as cores. Nem uma cor ou ninguém quer brincar com o pobre Flicts.
Um dia ele viu no céu, depois de uma chuva Cinzenta, a turma toda feliz saindo para o recreio e se chegou pra brincar:
“Deixa eu ficar na Berlinda? Deixa eu ser a cabra-cega? Deixa eu ficar no pique? Deixa eu ser o cavalinho? ”
Mas ninguém olhou para ele. Só disseram frases curtas, cada um por sua vez:
“Sete é um número tão bonito” disse o vermelho Vermelho.
Flicts | Editora Melhoramentos“Não tem lugar pra você” disse o Laranja.
“Vai se olhar no espelho” disse o Amarelo.
“Somos uma grande família” disse o Verde.
“Temos um nome a zelar” disse o Azul.
“Não quebre uma tradição” disse claro o Azul anil.
“Por favor, não queira mudar a ordem natural das coisas” disse o violento Violeta.
E as sete cores se deram a mão e à roda voltaram e voltaram a girar.
E mais uma vez deixaram o frágil, feio e aflito Flicts na sua branca solidão.
Mas Flicts não se emendava (e porque se emendar? Não era bom viver tão só). E saiu a procura de um emprego para fazer a salvação no trabalho.
“Será que eu não posse ter um cantinho ou uma faixa, em escudo ou brasão? Em bandeira ou estandarte?”
“Não há vagas” falou o Azul.
“Não há vagas “sussurrou o Branco.
“Não há vagas “ berrou o Vermelho.
Mas existem mil bandeiras, trabalho pra tanta cor. E Flicts correu o mundo a procura do seu lugar. E Flicts correu o mundo…
Pelas terras mais antigas. Mas nem mesmo nas terras mais novas, nem as bandeiras novas e as bandeiras todas que ainda serão criadas se lembraram de Flicts, ou pensaram em Flicts para ser a sua cor, não tinham para ele nem um lugar em uma estrela, uma faixa ou uma inscrição.
Nada no mundo é Flicts ou ao menos quer ser.
O céu por exemplo é Azul e todo do Azul é o mar.
“Mas quem sabe o mar?” Quem sabe-pensa Flicts agitado.
“O mar é tão inconstante”
“É cinzento se o dia é cinzento, como um imenso lago de chumbo”
“E muda com o Sol ou com a chuva, negro, salgado ou vermelho”
O mar é tão inconstante, tantas cores tem o mar, mas para o pobre do Flicts suas cores não dão lugar.
E o pobre Flicts procura alguém para ser seu par, um companheiro, um irmão, um amigo complementar.
Em cada praça ou jardim, em cada rua ou esquina pergunta:
“Posso ser seu amigo?”
“Não- lhe diz o vermelho.
“Espera“ amarelo diz.
“Vá embora” manda o verde.
Um dia Flicts parou e parou de procurar.
Olhou para longe, bem longe. E foi subindo e subindo. E foi subindo e sumindo. E foi sumindo e sumindo. E foi sumindo e sumiu.
Sumiu que o olhar mais agudo não podia adivinhar para onde que tinha ido. Para onde tinha se escondido. Em que lugar se escondera o frágil, feio e aflito Flicts.
E hoje com dia claro, mesmo com o Sol muito alto, quando a Lua vem brigar com o brilho do Sol, a Lua é Azul.
Quando a Lua aparece - no fim da tardes de outono - do outro lado do mar, como uma bola de fogo, ela é redonda e Vermelha.
E nas noites muito claras, quando o céu e só dela, a Lua é ouro e prata, grande bola Amarela.
Mas ninguém sabe a verdade (a não ser os astronautas) que de perto, de pertinho a Lua é Flicts.

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